

Médium Consciente
À luz de Ramatís
O estudo poderia atrapalhar o desenvolvimento mediúnico do médium?
Organizou-os em grupos afins e graduou-lhes a capacidade de realização, selecionando os médiuns positivos, calmos, seguros, devotados, coerentes e modestos daqueles que são improdutivos, lacônicos, nervosos, inseguros, vaidosos ou preguiçosos.
Cremos que é bastante desconexa a penetração de médiuns incipientes na floresta espessa das contradições mediúnicas, quando as flores do bom mediunismo já vicejam à beira da estrada larga dos compêndios espíritas. Esses são médiuns que atendem mais propriamente ao imperativo intrínseco de sua mediunidade em floração sem aliá-lo também ao conteúdo doutrinário e moral do espiritismo. Trata-se de simpatia ou de conveniência espiritual dos seus tipos psíquicos, e que os faz empreender o seu desenvolvimento em ambientes que possuem características diferentes e das regras especificadas por Kardec junto à mesa espírita. É o que acontece principalmente nos terreiros de umbanda, que desenvolvem os seus médiuns sob uma técnica exclusivamente inerente ao fenômeno mediúnico, despreocupada da relação com qualquer disciplina doutrinária já consagrada pelo tempo.
No entanto, também hão de contrariar a pureza da linhagem espírita aqueles que se colocam sob a proteção ou simpatia do espiritismo, mas desprezam a base do desenvolvimento mediúnico ensinado pelo Livro dos Médiuns. Sabeis que seria perfeita tolice que, depois de os cientistas terrenos terem identificado completamente os elementos químicos e as proporções exatas com que eles se combinam para formar substâncias úteis, como a água, o sal, o enxofre, o açúcar etc., os estudiosos modernos da química resolvessem proceder teimosamente a nova tentativas e experimentações fatigantes, para depois concluírem mais deficientemente, com as mesmas fórmulas dos seus antecessores.
Também não se justifica que certos candidatos a médiuns prefiram o desenvolvimento empírico de sua mediunidade, quando já existe o Livro dos Médiuns, em que a sabedoria, a experiência e a ajuda sensata de Allan Kardec escoimaram as práticas mediúnicas das fórmulas improfícuas, das crenças supersticiosas ou das encenações ridículas.
PERGUNTA: - Embora isso nos surpreenda, já ouvimos certos médiuns justificarem a sua ignorância sobre o Livro dos Médiuns, ou quaisquer outras obras mediúnicas, alegando que os seus próprios “guias” endossam tal atitude. Dizem que, assim, esses guias evitam fortalecer lhes o animismo, que seria mais intensificado pela associação das ideias dos autores das obras lidas. Esses médiuns são adeptos de um desenvolvimento mediúnico completamente espontâneo, e afirmam livrar-se de qualquer condicionamento literário e métodos doutrinários particulares que possam restringir-lhes a livre eclosão da faculdade em florescimento.
RAMATÍS: - Certamente, tais médiuns pretendem justificar a sua própria preguiça mental ou alergia para com o estudo da doutrina espírita, coisa ainda muito comum em alguns deles. Não percebemos que razões sensatas possam sancionar tais disparates! Já sabeis que, “do lado de cá”, muitas vezes são vertidos conselhos e orientações maquiavélicos por parte de “pseudos” guias, que semeiam incongruências e alimentam sandices entre os médiuns invigilantes e avessos à disciplina espiritual.
Embora a faculdade mediúnica seja espontânea em sua essência, o seu desenvolvimento deve enquadrar-se em rigoroso procedimento e experimentações sadias, livrando-o das inconveniências censuráveis. Não resta dúvida de que existem médiuns de excelente estirpe espiritual, que puderam lograr o seu desenvolvimento mediúnico livres das experimentações aflitivas e isentos dos desenganos e das interferências capciosas dos desencarnados. Mas quando isso acontece é porque se trata de criaturas já credenciadas à proteção excepcional do Além, porquanto o seu trabalho mediúnico é menos “prova” e mais incumbência superior.
Sob qualquer hipótese, os espíritos benfeitores da área espírita sempre preferem comunicar-se pelos médiuns cujo desenvolvimento mediúnico se orientou principalmente pelas normas expostas no Livro dos Médiuns, que ainda é o admirável repositório de regras sensatas e advertências salutares, concretizadas só depois de copiosa experimentação mediúnica. É obra que pode ajudar o progresso do candidato a médium, distanciando-o das decepções e do desperdício de tempo, como é muito comum no desenvolvimento empírico e inexperiente.
Kardec estudou profundamente as características psicológicas dos médiuns e classificou-os também de conformidade com o tipo de sua faculdade mediúnica em floração, disciplinando lhes a imaginação exacerbada das comunicações incipientes dos primeiros dias. Organizou-os em grupos afins e graduou-lhes a capacidade de realização, selecionando os médiuns positivos, calmos, seguros, devotados, coerentes e modestos daqueles que são improdutivos, lacônicos, nervosos, inseguros, vaidosos ou preguiçosos.
Fonte: "Mediunismo" - Ramatís /Hercílio Maes
Editora do Conhecimento.
