

Médium Consciente
À luz de Ramatís
A influencia do espírito sobre o período da infância e seu amadurecimento
As contrariedades da infância caldeiam e fortificam o temperamento da criança para mais tarde enfrentar as desventuras da vida humana, pois, quando excessivamente apoiada e mimada, em todas as suas manhas e indisciplinas, os jovens viverão em conflito nas suas relações com a sociedade e atuações no mundo. Quem não aprende a dominar os seus instintos primários na infância, bem mais difícil ser-lhe-á na fase adulta. Assim como o jardineiro decepa os galhos inferiores do bom arvoredo, os pais precisam eliminar na primeira infância dos filhos os maus estigmas lançados pela força selvagem da formação animal!
PERGUNTA: - Porventura, o amor que devotamos aos nossos filhos pode favorecer-lhes a manifestação perigosa do instinto animal inferior.
RAMATÍS: - Os pais devem compreender que precisam ajudar o espírito dos filhos a dominar o instinto animal e próprio da linhagem carnal hereditária. É muito perigoso o fascínio dos pais pelo aspecto inusitado dos bebês rechonchudos ou crianças pródigas, que passam a tiranizar o ambiente doméstico sob a visão complacente dos adultos. Os filhos precisam de toda experiência e disciplina vigorosa dos pais na sua fase infantil, para então frenarem as manifestações instintivas pregressas, que principiam a agir desde o berço. Sem dúvida, é o amor que desenvolve as qualidades sublimes latentes do espírito, mas é a severidade e a autoridade paternas sem sentimentalismos piegas que realmente ajudam as crianças a dominar os seus impulsos inferiores.
O corpo de carne, à guisa do "cavalo selvagem" 2, é o vigoroso potencial de forças herdadas do animal e caldeadas na formação das espécies primárias. Portanto, é perigoso e imprudente os pais ou avós deslumbrarem-se pelos seus descendentes, só porque eles herdam-lhes a fisionomia, a cor, o porte e o jeito! Deste modo, abrem-lhes as comportas do instinto inferior, enquanto o espírito é arrastado no vórtice da rebeldia em face de sua frágil autonomia sobre o corpo carnal! A principal função dos pais, durante a infância dos filhos, é reprimir-lhes, tanto quanto possível, a obstinação, a brutalidade, o despotismo e as más tendências.
2- Nota de Ramatís: - O exemplo da muda de uma laranjeira superior enxertada sobre o "cavalo selvagem" vegetal, ou tronco nativo da espécie inferior, poderia servir de analogia para avaliarmos a natureza dos princípios espirituais superiores, quando em luta com as tendências hereditárias inferiores do organismo físico. Há laranjeiras de qualidade superior, que conseguem impor os seus frutos doces e gostosos, embora sejam nutridas pelo tronco selvagem onde são enxertadas. Outras, enfraquecidas, só produzem frutos agrestes e azedos, porque se deixam dominar pela base inferior primitiva. Tal seria a Imagem simbólica da luta do principio superior espiritual, contra as tendências inferiores da matéria plasmada pela força bruta do instinto animal.
A criança deve ser imunizada no lar, mas disciplinada para sobreviver à instintividade dos demais companheiros desorientados, e que desde a infância lembram manadas incontroláveis a estourar sob o primeiro impulso de rebeldia.
Os instintos mal corrigidos de uma criança ativam-se pelos estímulos energéticos, violentos e obstinados de outras crianças rebeldes. Os acontecimentos expostos cotidianamente pelo noticiário jornalístico demonstram que muitos jovens, aparentemente inofensivos e pacíficos até certa época, depois se tornam delinqüentes reativados pela simples convivência com outros companheiros de maus instintos. Quase sempre isso é conseqüência da invigilância e falta de severidade de certos pais, que, encantados pela configuração carnal dos filhos consangüíneos, deram-lhes ampla cobertura para a prática de toda sorte de asneiras, rebeldias e violências.
Os jovens indisciplinados são como as flores frágeis, que decaem em sua qualidade por assimilarem as emanações perniciosas e contagiantes das espécies selváticas inferiores, crescidas no mesmo ambiente. 3
3- Vide o conto "Frustração", da obra "Semeando e Colhendo" de Atanagildo, relato de um acontecimento verídico confrangedor.
PERGUNTA: - Quereis dizer que o recém-nascido não passa de um ego espiritual a desatar o seu perispírito reduzido no Espaço até a forma "pré-infantil". Não é assim?
RAMATÍS: - Repetimos: o espírito não nasce, não cresce, nem morre. Ele "desperta", gradativamente, do seu invólucro fetal encaixado no ventre materno, até alcançar a sua configuração primitiva antes de mergulhar na carne. Cada existência humana é apenas uma nova manifestação do espírito através do corpo físico tangível na matéria. Assim como a luz elétrica projeta-se tanto mais ampla conforme seja a capacidade da lâmpada, o espírito encarnado também se manifesta mais autêntico à medida que se desenvolve o seu corpo físico. Em consequência, há grande diferença entre as manifestações ou ações do espírito, quando age pelo organismo carnal infantil, comparativamente ao que ele pode realizar depois de adulto.
A Natureza gradua proporcionalmente o despertar do espírito no seu instrumento de carne, através de diversas etapas conciliadoras e conhecidas como infância, juventude, maturidade e velhice. Mas assim como periga a carga elétrica de alta voltagem, os raciocínios incomuns e as emoções exaltadas do espírito encarnado podem afetar a coesão molecular do corpo, a rede enzimática, e desarmonizar as coletividades microbianas, quando essa operação ultrapassa a resistência e a capacidade normal. Por isso, a Sabedoria do Psiquismo criou a glândula timo, que frena o crescimento orgânico prematuro e assim evita uma ação demasiadamente violenta sobre o cérebro ainda em formação. O desenvolvimento adulto precipitado e organicamente frágil daria ensejo para o espírito agir na sua plenitude espiritual, mas atuando em altíssima voltagem sideral, capaz de queimar os neurônios e a rede cerebral.
A providência reguladora do timo, então, impede que o espírito encarnado manifeste, de chofre, todo o seu potencial psíquico antes dos sete anos e além da capacidade do seu equipo carnal, em crescimento. O timo, além de sua função controladora do excesso psíquico sobre o corpo imaturo, ainda frena os estímulos excessivos que fluem do perispírito para o "duplo-etérico" 1, também na fase de desenvolvimento e absorção do "éter-fisico" do meio terrestre. Daí justificar-se o aforismo de que a criança é inocente até nos sete anos porque ainda não assume a responsabilidade total do organismo, o qual permanece sob o controle técnico do mundo espiritual. A máquina carnal até aos sete anos encontra-se em fase de experimentação e reajustamento, assim como qualquer maquinaria do mundo sofre "testes" e correções na fábrica. a fim de não ser entregue ao seu dono com defeitos originais.
1 - Duplo-Etérico, corpo constituído de éter-físico, medianeiro entre o perispírito e o corpo físico, existente somente durante a encarnação física e dissociando-se 3 a 4 dias após a morte carnal.
Mas durante a fase do nascimento até aos sete anos físicos, e pela impossibilidade de o espírito agir plenamente no seu corpo carnal, então o instinto animal exerce a sua força criadora e procura impor a sua ascendência vigorosa e primária. Trava-se renhida luta entre o principio espiritual superior e as tendências inferiores do mundo físico. Dai o motivo por que os pais devem exercer rigorosa vigilância nos filhos até aos sete anos, extirpando-lhes energicamente os maus costumes, impulsos danosos, tentativas autoritárias e atrabiliárias, para evitar que uma estigmatização instintiva posteriormente se oponha na forma de uma barreira intransponível à correção espiritual.
A criança não deve ser estimulada nem louvada nas suas irascibilidades e reações censuráveis; o seu espírito só domina mais cedo os seus instintos primários, caso também receba a ajuda eficiente e enérgica dos pais isentos de qualquer sentimentalismo, sem confundirem o mau instinto do descendente à conta de "precocidade". Embora sem os extremos de crueldade e despotismo, os pais não devem afrouxar a sua autoridade, evitando de louvar e estimular as ações indisciplinadas e rebeldes dos filhos.
Os filhos devem ser criados com amor, mas sem a imprudência de deixá-los agir livremente, só porque são "engraçadinhos" ou amuam-se por qualquer coisa. A fim de formar-lhes um caráter nitidamente estóico e leal, os pais devem fortificá-los desde a primeira infância, para solucionarem as suas culpas, sem o culto demasiado da personalidade humana. É algo perigoso quando, para os pais sentimentalistas, o seu pupilo sempre tem razão; enquanto que é mau e condenável o filho do vizinho.
Fonte: "A Vida Humana e o Espírito Imortal"
Ramatís /Hercílio Maes Editora do Conhecimento.
