

Médium Consciente
À luz de Ramatís
Como conseguem, os espíritos viciados, adentrarem o ambiente doméstico?
É o caçula exigente e autoritário, transformado, por negligência ou incompreensão dos pais, em ditador dentro do lar; são as cenas deprimentes que transformam a mesa doméstica das refeições em um palco de desavenças, fazendo surgir um ambiente de guerra em uma reunião que, por todos os motivos, deveria ser de bênçãos e de paz!
E devido a estas cenas e fatos dolorosos, multiplica-se o número dos que passam a cultivar amizades reprováveis, por não compreenderem a grandeza moral e espiritual do sentido exato da família. A maioria dos componentes da família terrena, desinteressada do problema do indivíduo como espírito eterno, converte os lares em arena de lutas e discórdias, perdendo a feliz oportunidade — que lhe seria abençoada — de os utilizar para congraçamento e união sob a égide da fraternidade espiritual.
Quantas vezes um ou outro membro da família levanta-se colérico, da mesa, ainda com os lábios umedecidos pelo alimento que ingeria neurótico, na hora sagrada da refeição, para em seguida desaparecer em direção à rua, revoltado contra a estupidez do lar e dos seus familiares! E que acontece então? Ao transpor a porta, grupos de obsessores saem-lhe ao encalço, com vivas demonstrações de alegria, festejando o êxito alcançado, lembrando um bando de aves agourentas a esvoaçarem em torno do imprudente, que debilita suas defesas devido à irascibilidade com que saiu do próprio lar!
Os malfeitores das sombras sugerem-lhe, então, o esquecimento de tudo pela bebida; guiam-no ao encontro de outra criatura desiludida da vida e da família; entre ambos trocam-se lamúrias, e as queixas são recíprocas. E não tarda agora o desafogo pelo álcool deprimente. Eis alcançado o objetivo dos alcoólatras das sombras!
PERGUNTA: - E como conseguem eles perturbar suas vítimas quando protegidas pela atmosfera de seus lares regrados?
RAMATÍS: — Eles envidam todos os esforços para que essas criaturas venham a sofrer toda a sorte de irritações, quer durante o trabalho, quer durante o trajeto do local do trabalho até ao lar, procurando assim induzi-las a provocarem conflitos na família.
Aliciam-lhes críticas, censuras e desentendimentos nos locais de empregos, nos veículos de transportes, nos locais de esportes ou casas de diversão, e chegam até a provocar discórdias inesperadas mesmo entre as afeições mais sinceras. Não satisfeitos com isso, procuram encaminhar para as mãos de suas vítimas a revista obscena, o panfleto irascível e venenoso, o jornal escandaloso que desperta na criatura a revolta íntima contra tudo, atribuindo a explorações alheias e intenções desonestas os fatos mais rotineiros do mundo.
Daí o motivo por que muitos pais, filhos, esposos e irmãos, ao tomarem suas refeições, mantêm-se carrancudos à mesa, irritados e impacientes, dando lugar a discussões por qualquer motivo frívolo, mesmo porque são raros aqueles que ainda confiam na terapêutica da prece coletiva para acalmar os nervos dos que chegam da rua com o ânimo superexcitado. Em geral, as famílias terrenas estão separadas em sua intimidade espiritual; comumente os cônjuges mantêm entre si uma familiaridade artificial, intercambiando sorrisos hipócritas ou convencionais, para satisfação à sociedade.
Na realidade, a maioria dos lares terrenos não passa de melancólica hospedaria para alimentação e reunião de corpos cansados, enquanto as almas vivem quase sempre distantes umas das outras.
E a catadura feroz e costumeira do chefe da família, que se vem desabafar no lar das mazelas do seu caráter e dos próprios desregramentos; são as cenas de ciúmes animalizados, a atear incêndios de cólera e brutalidade que chegam a degenerar em dramas ou tragédias irreparáveis; é o filho privilegiado que transforma o seu custoso automóvel em traço de união entre o lar e o prostíbulo; é a moça caprichosa, rude no trato caseiro mas afável e sofisticada no ambiente social; é a esposa que só pensa na ”toilete”, preparando-se para se exibir nos chás-dançantes, carregada de penduricalhos.
Fonte: "Fisiologia da Alma"
Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.
