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Será que cabe a Deus modificar a forma carnívora do homem de nutrir-se?

E será um delinquente perante a Lei de Deus se, depois dessa consciência desperta, ainda persistir no erro que já é condenado no subjetivismo da alma e que desmente um Ideal Superior!

 

Se o selvagem devora o naco de carne sangrenta do inimigo, o faz atendendo à fome e à ideia de que Tupã quer os seus guerreiros plenos de energias e de heroísmos; mas o civilizado que mata, retalha, coze e usa a sua esclarecida inteligência para melhorar o molho e acertar a pimenta e a cebola sobre as vísceras do irmão menor, vive em contradição com a prescrição da Lei Suprema. De modo algum pode ele alega a ignorância dessa lei, quando a galinha é torcida em seu pescoço e o boi traumatizado no choque da nuca; quando o porco e o carneiro tombam com a garganta dilacerada; quando a malvadez humana ferve os crustáceos vivos, embebeda o peru para “amaciar a carne” ou então satura o suíno de sal para melhorar o chouriço feito de sangue coagulado.

 

Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do Natal de Jesus! A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o cordeiro chora na ocasião de morrer!

Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas, porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em consequência, não é a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteira que ele vos pode oferecer nas mesas lúgubres.

PERGUNTA: - Uma vez que os animais e as aves são inconscientes e de fácil proliferação, a sua morte, para nossa alimentação, deve ser considerada crime tão severo, quando se trata de costume que já nasceu com o homem? Cremos que Deus foi quem estabeleceu a vida assim como ela é, e o homem não deve ser culpado por apenas seguir as suas diretrizes tradicionais, cumpria a Deus, na sua Augusta Inteligência, conduzir as suas criaturas para outra forma de nutrição independente da carne: não é verdade?

 

RAMATÍS: — A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo do errado. Deus não condena suas criaturas, nem as pune por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas; não existe, na realidade, nenhuma instituição divina destinada a punir o homem, pois é a sua própria consciência que o acusa, quando desperta e percebe os seus equívocos ante a Lei da Harmonia e da Beleza Cósmica.

 

Já vos dissemos que, quando o selvagem devora o seu irmão, para matar a fome e herdar-lhe as qualidades guerreiras, trata-se de um espírito sem culpa e sem malícia perante a Suprema Lei do Alto. A sua consciência não é capaz de extrair ilações morais ou verificar qual o caráter superior ou inferior da alimentação vegetal ou carnívora.

 

Mas o homem que sabe implorar piedade e clamar por Deus, em suas dores; que distingue a desgraça da ventura; que aprecia o conforto da família e se comove diante da ternura alheia; que derrama lágrimas compungidas diante da tragédia do próximo ou de novelas melodramáticas; que possui sensibilidade psíquica para anotar a beleza da cor, da luz e da alegria; que se horroriza com a guerra e censura o crime, teme a morte, a dor e a desgraça; que distingue o criminoso do santo, o ignorante do sábio, o velho do moço, a saúde da enfermidade, o veneno do bálsamo, a igreja do prostíbulo, o bem do mal, esse homem também há de compreender o equívoco da matança dos pássaros e da multiplicação incessante dos matadouros, charqueadas, frigoríficos e açougues sangrentos.

Carnivorismo e consciência
Fonte: "Fisiologia da Alma"  Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.

Fonte: "Fisiologia da Alma" 

Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.

Médium Consciente -
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